Cartas de Virginia

Aconteceu, hoje, oficina de criação literária e feminismo "Como meninas, garotas e mulheres", na Casa Mafalda. 

Tema da oficina: "Elas estão descontroladas" a discussão foi em torno da imposição em relacionar histeria e o feminino, como forma de marginalizar e manter as mulheres sob controle. 

“Na manhã de sexta-feira, 28 de março, um dia claro, luminoso e frio, Virginia foi como de costume ao seu estúdio no jardim. Lá, escreveu duas cartas e atravessou os prados até o rio. Deixando a bengala na margem, ela esforçou-se para pôr uma grande pedra no bolso do casaco. Depois encaminhou-se para o lago.”

Atividade: Escreva uma das cartas de Virginia.




TEXTO 1

Londres, 28 de março.
Hoje o dia amanheceu lindo, quase não senti o frio que me fez lutar para levantar da cama. A noite foi marcada por pesadelos e medos que me atormentam quase a vida inteira. Não consigo mais lutar comigo mesma e sinceramente, imaginar outra maneira. A morte é uma certeza incerta, mas sempre (por mais que discorde) será plena. A vida é curta, já a morte é eterna. Sinto hoje que estou pronta para abraçar esta bela e plena certeza que nos espera. Não tenho mais dúvidas que todo o meu legado será compensado, que minha história, minhas horas, e agora faço este único apelo: entregue esta carta ao meu amor verdadeiro e que ela seja lida pelo mundo inteiro. Estou pronta para o meu último beijo, o da morte.
Karina Gomes da Silva






TEXTO 2

Londres, sexta-feira, 28 de março de 1941.
Hoje eu não vejo um motivo para estar aqui. Hoje quero que minha alma e meu corpo encontre um lugar para descansar em paz. Sinto que minha missão chegou ao fim. Vivi intensamente e prazerosamente e você me deu a oportunidade de passar por isso ao seu lado.
Querido amigo lhe agradeço...
Daniela Seles





TEXTO 3

Não sei ao certo por onde começar. Tudo anda muito vazio ultimamente. Se você está lendo isso provavelmente não estou apenas morta fisicamente, mas estou há muito tempo morta internamente. Eu deixei de me sentir viva há algum tempo, nessa fase da minha vida acho que só escrevi o suficiente, não vejo mais o toque continuar. No lugar da criatividade e do prazer por escrever, hoje habita um grande poço vazio. Minha missão já foi feita. Sinto que preciso acabar logo com isso. Trágico até pode ser, mas pelas águas vou me eternizar, estou feliz por isso.
Lucas Miranda




TEXTO 4

Londres, sexta-feira, 28 de março de 1940.
Meu Julian,
Hoje me encontrei com o dilema da vida ou seria da morte? Descobri que desse mundo já não quero mais descobertas. Não que eu me sinta completa de saberes o suficiente, nenhuma criatura será capaz de tal feito. Percebi hoje, aos cinquenta e nove anos, que o mundo sem mim tem toda a sua complexibilidade, assim como sem você, meu caro sobrinho, assim como todo o resto da humanidade.
Em minha partida levo apenas o arrependimento do que eu não fiz. Escolhi não ter filhos, e fico feliz por não me arrepender disso, foi minha escolha. Gostei de me relacionar com mulheres, sejam minhas próprias personagens ou não.
Larissa




TEXTO 5

Londres, 28 de março de 1940.
Querida Regina,
Hoje é uma sexta-feira mais fria do que o habitual, não somente a temperatura lá fora, mas algo no meu peito está me congelando há um tempo.
Há algumas semanas tenho pensado sobre a maior parte das coisas que fiz ao longo dos meus 59 anos. Tenho lembranças muito vagas de nosso pai pouco antes de nos abandonar e, apesar de tudo, hoje estamos mais maduras, eu o perdoo por tudo e até compreendo, as vezes, temos que largar aquilo que amamos, pois pode nos machucar.
Sei que já não sou tão nova, nem tão ágil como nos anos da faculdade, no entanto, escrever continua sendo o meu método de amar e, de certa forma, de ser amada. E é por isso que estou abrindo mão disso e não só me libertando, como tornando livre todas as palavras que por algum motivo deixei de escrever.
Espero que você entenda minha morte, que não deve ser motivo de tristeza e sim de conforto para minha alma. Quem sabe não nos encontramos em outro plano.
Com amor,
Virginia.
Lívia





TEXTO 6

Londres, terça-feira, 28 de março de 1941.
Quero Paul,
Venho por meio desta carta informar que minha dor e angústia estão insuportáveis dentro do meu peito, meus dias são cinzas e não consigo mais nem fazer meu próprio café. Aqui na nossa fazenda nossos animais estão bem cuidados, a grama sempre verde e até o Garfield me faz companhia junto a lareira. Ontem caminhei por horas, tentando achar um bom motivo para continuar, o sol estava entrando pela minha pele e o vento bate suave sobre meus cabelos e meu rosto. Pensei em escrever debaixo da macieira, mas apenas sentei e deixei que o momento entrasse pelo meu ser, senti minha vida como nunca sentira antes, a minha sensibilidade está morta, Paul, já não há motivos para continuar. Após ler essa carta, peço que vá até a macieira, a minha adorável macieira, lá te deixei algo muito valioso, que guardei por anos, com tanto carinho. Hoje estou tirando o que Deus me deu de mais valioso, minha vida. Espero que você me perdoe e Deus também.
Com amor,
Virginia.
Juliana





TEXTO 7

28 de março, Londres 1940.
Cansei de todas decepções e de todas atitudes toscas destas pessoas que vivem em torno de mim. Por meio deste comunicado ou carta, como queiram, venho comunicar meu último adeus. Um abraço a todos, se cuidem.
Virginia.
Renan






TEXTO 8

A veces no deberíamos preguntarnos tanto porqué suceden las cosas, solo suceden y ya.
Esto me sucedió a mí un viernes por la mañana.
No me pregunten porqué, solo desperté con ansiosas ganar de suicidarme.
No me pregunten porqué, solo cogí una casaca y mis zapatillas recién lavadas.
No me pregunten porqué, solo sentí que nací en el siglo equivocado y que podría equilibrar el ritmo del planeta desapareciendo.
No me pregunten porqué ahora y no antes, pude haberlo hecho a los 27 años con una escopeta en la cabeza pero no.
No me pregunten porqué solo decidí hacerlo ahora y ya.
Veo el cielo despejado y hace frío, un óptimo día para decidir volverse polvo.
Siempre imaginé cómo se sentirían las personas cuando saben que es su hora, como el libro de su vida llega al último capítulo, cómo se sentiría ponerle fin a esta historia.
Y aquí estoy yo, en el año equivocado y en la posición imaginada.
Tarde o temprano llegaría y quién es el destino para decidir cuando yo morir.
Me llamo Virginia y llegué solo hasta aquí.

Ivanna




Como meninas, garotas e mulheres

Nos dias 9, 16 e 23, sempre às quintas-feiras, acontecerá a oficina de criação literária e feminismo "Como meninas, garotas e mulheres", na Casa Mafalda.
A oficina é destinada para jovens que estão no cursinho pré-vestibular que a Casa oferece gratuitamente. 

Proposta
A partir de reflexões geradas pela problematização de formas de poder e de desigualdades de gênero serão propostas atividades de criação literária. “Como meninas, garotas e mulheres” pretende perpassar as expectativas das participantes e suas reflexões do ser mulher, criando textos literários sobre suas vivências e perspectivas.

Público-alvo
Classificação livre. Sem distinção de gênero, embora todos os textos serão produzidos com voz feminina. Sem classificação etária.

Objetivo
Estimular a criação literária, como forma de registro e invenção. Não se pretende formar escritoras, mas criar um primeiro contato com essa arte;
Introduzir algumas noções gerais das teorias de gênero, corpo e sexualidade;
Estimular as múltiplas interpretações de mundo e a autonomia intelectual das participantes por meio da literatura.

Proponentes
Renata Cirilo e Sirley  Alencar

Novo Movimento

Retirado do google imagem, não achei os créditos do desenhista.
Rebem-vindos!

Vamos iniciar um novo movimento?!

O Escrita Aberta retorna as suas atividades com notícias sobre o meio literário, resenhas de livros, sugestões de leitura, concursos,exercícios de criação literária e muito mais!

O que se propoem é um espaço coletivo de crítica e criação literária, aberto à participação de todos os interessados. Não há restrição quanto a gênero ou estilo.

Mas não gostamos de caridade, o que isso significa?!
Que você é nosso colaborador!

escritaberta@yahoo.com.br

Cursos e Oficinas - Ainda dá tempo!!


Biblioteca de São Paulo
OFICINA SILÊNCIOSA DE RIMAS
Dia 08/12
Horário: das 14h00 as 14h45 ou das 15h30 as 16h15
Local: Piso térreo
Informações: Usando computadores em rede, com a ferramenta do MSN, por exemplo, os participantes são estimulados a criarem poemas a partir de uma rima ou um grupo de rimas. Toda atividade se desenvolve no âmbito da rede, numa divertida criação coletiva. Com José Sanches. VAGAS LIMITADAS.  
Parque da Juventude
Av. Cruzeiro do Sul, 2.630, Santana, São Paulo/SP
(ao lado da Estação Carandiru do Metrô)
 
Casa das Rosas
Inscrições na recepção da Casa das Rosas. Documentação necessária: uma foto 3x4; xerox do RG; xerox do comprovante de residência. Com certificado digital (mínimo de 70% de frequência).
Vagas: 30.
O PRAZER DA ESCRITURA
Com Reynaldo Damazio.
Quintas-feiras, 1, 8 e 15 de dezembro, 19h30.
O objetivo é trabalhar a criação do texto literário, em prosa e verso, a partir de uma perspectiva lúdica e crítica, buscando, como parâmetro de diálogo e de confronto, as obras de autores contemporâneos.
DO CRICRI AO CRÍTICO
Oficina de crítica literária
Com Frederico Barbosa.
Terça, quarta e quinta-feira, 13, 14 e 15 de dezembro, 19h30.
A grande questão discutida nesta oficina é o que caracteriza a postura crítica diante de uma obra de arte. Trabalhando as diferentes formas de abordagem possíveis à produção artística, sintetizadas em paráfrase, comentário, interpretação e análise, os participantes serão levados a ler detalhadamente a própria crítica e a produzir textos a partir da leitura de obras que lhes serão apresentadas.
O QUE É POESIA?
Com Marco Antônio Pezão.
Terça, quarta e quinta-feira, 6, 7 e 8 de dezembro, 19h30.
A oficina tem por objetivo estimular a criação literária escrita e falada, por meio da leitura de poemas de autores clássicos e contemporâneos, com exercícios de escrita de temática livre, para que o interessado comece a tomar contato com a imagem poética.
ESCRITA EM MOVIMENTO
Com Paula Petreca.
Sábados, 3 e 17 de dezembro, 14h.
Oficina que trabalha a atenção para os sentidos do corpo por meio de propostas físicas. Focando as relações entre motricidade e cognição, amplifica a capacidade de atenção para descrever experiências corporais, adensando as possibilidades de relato. Articula todo o corpo na produção de falas, explorando novos tipos de discurso. A criação de metáforas surge como experiência física. E a poesia, como dança.
 

Casa das Rosas - Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura
Av. Paulista, 37
Tel.: (11) 3285-6986
www.casadasrosas-sp.org.br
De terça-feira a sábado, das 10 às 22 horas;
domingos e feriados, das 10 às 18 horas


Desafio 10/11

Todo mês, no dia 10, o Escrita Aberta lança um desafio literário, um exercício ou tema para aguçar a criação literária de todos.
Você também pode lançar um desafio! Bastar enviar o desafio para escritaberta@yahoo.com.br

Desafio de Novembro

Tema: comunicação entre línguas diferentes.
Gênero: livre

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